A decisão tomada na madrugada de quinta para sexta-feira entre governo federal, Petrobras, Fecombustível - Federação Nacional do Comércio de Combustíveis , ANP – Agência Nacional do Petróleo, ANFAVEA – Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores e as montadores de motores frustrou aqueles que esperavam ansiosos pelo dia 1º de janeiro de 2009.
Na data, de acordo com a resolução 315 do CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente, de 2002, todo o diesel comercializado no país deveria ter, no máximo, 50 partículas de enxofre por milhão. No entanto, depois de o setor de petróleo e de veículos afirmarem de que a resolução não seria cumprida, o governo interveio na tentativa de negociar valores e prazos e as exigências afrouxaram.
Enquanto em países da Europa e nos Estados Unidos, a meta é que o diesel de 10 ppm de enxofre chegue a zero em pouco tempo, no Brasil, a partir do ano que vem, apenas o diesel utilizado por ônibus urbanos das cidades de São Paulo e Rio de Janeiro – que hoje tem concentração de enxofre de 500 ppm – deverá conter, no máximo, 50 ppm. A determinação deve ser gradativamente estendida a Curitiba, Porto Alegre, Belo Horizonte, Salvador e as regiões metropolitanas de São Paulo, da Baixada Santista, Campinas, São José dos Campos e Rio de Janeiro até 2011.
Para as demais cidades do país, onde o diesel tem concentração de 2.000 ppm de enxofre, a redução será bem menor: vai para 1.800 ppm no começo do ano que vem e, só em 2014, cai para 500 ppm.
Paulo Saldiva, coordenador do Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, diz que “uma decisão como essas só é imaginável em um cenário em que a vida humana não vale nada”. Segundo o médico, na cidade de São Paulo, os poluentes emitidos pela queima do diesel são responsáveis pela metade da poluição total! Em outras cidades brasileiras, essa quantidade fica entre 30 e 40%.
Saldiva ainda explica que um adiamento como esses tem conseqüências por décadas. Se um caminhão sem a tecnologia para receber o diesel mais limpo continuar a ser vendido pelos próximos cinco anos – e for utilizado por 20 ou 30 anos – por todo esse tempo não haverá abatimento suficiente de poluentes.
“Com esse projeto, acabamos de concordar que só na Região Metropolitana de São Paulo, teremos 15 mil mortes a mais nos próximos 30 anos – mais do que a quantidade de vítimas da tuberculose ”, revela. Ele lembra que não adianta tentar compensar essas emissões de enxofre mais tarde, pois quem ficar doente antes disso não terá o que comemorar.
Causador dos mesmos males que o cigarro – doenças cardiovasculares e respiratórias, câncer e aborto –, para os cidadãos, o enxofre tem a desvantagem de que não se pode escolher respirá-lo ou não. “Mais uma vez, as crianças, os idosos e os pobres serão os que mais vão sofrer com essa medida, que mostra que o Ministério do Meio Ambiente não tem preparo para lidar com as questões urbanas e está focado apenas no assunto do desmatamento e da preservação da floresta”, se indigna Saldiva.
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Redução de danos
A decisão tomada entre o governo brasileiro, Petrobrás, ANP, Federação de Combustíveis, Associação dos Fabricantes de Veículos (ANFAVEA) e as montadores de motores frustrou aqueles que esperavam ansiosos pelo dia 1º de janeiro de 2009. É que a partir desta data, de acordo com a Resolução 315/02 do CONAMA , todo o diesel comercializado no país deveria ter, no máximo, 50 partículas de enxofre por milhão. No entanto, depois de o setor de petróleo e de veículos afirmarem de que a resolução não seria cumprida, o governo interveio na tentativa de negociar valores e prazos e as exigências afrouxaram. Enquanto em países da Europa e nos Estados Unidos, a meta é que o diesel de 10 ppm de enxofre chegue a zero em pouco tempo, no Brasil, a partir do ano que vem, apenas o diesel utilizado por ônibus urbanos das cidades de São Paulo e Rio de Janeiro – que hoje tem concentração de enxofre de 500 ppm – deverá conter, no máximo, 50 ppm. Para o Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental da Faculdade de Medicina da USP, “uma decisão como essas só é imaginável em um cenário em que a vida humana não vale nada”. Na cidade de São Paulo, os poluentes emitidos pela queima do diesel são responsáveis pela metade da poluição total. Em outras cidades brasileiras, essa quantidade fica entre 30 e 40%. Os médicos explicam que um adiamento como esses tem conseqüências por décadas. Se um caminhão sem a tecnologia para receber o diesel mais limpo continuar a ser vendido pelos próximos cinco anos – e for utilizado por 20 ou 30 anos – por todo esse tempo não haverá abatimento suficiente de poluentes, não adiantando tentar compensar essas emissões de enxofre mais tarde, pois quem ficar doente antes disso não terá o que comemorar. Causador dos mesmos males que o cigarro – doenças cardiovasculares e respiratórias, câncer e aborto –, para os cidadãos, o enxofre tem a desvantagem de que não se pode escolher respirá-lo ou não... (com informações Planeta Sustentável)
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