Os 188 países participantes da Conferência da ONU sobre
Desenvolvimento Sustentável adotaram oficialmente o documento intitulado
"O futuro que queremos". O
propósito da Rio+20 era formular um plano para que a humanidade se
desenvolvesse de modo a garantir vida digna a todas as pessoas, administrando
os recursos naturais para que as gerações futuras não fossem prejudicadas. Uma
das expectativas era de que a reunião conseguisse determinar metas de
desenvolvimento sustentável em diferentes áreas, mas isso não foi atingido. O
documento apenas cita que eles devem ser criados para adoção a partir de 2015. O texto (clique para ver) final da Rio+20, intitulado "O futuro que queremos", foi
publicado no site oficial da conferência (leia o documento, traduzido para os
idiomas oficiais da ONU: inglês, espanhol, árabe, russo, francês e chinês). Também
na plenária de encerramento, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse que
"o documento final que foi adotado por consenso fornece formação firme
para um bem-estar social, econômico e ambiental. Agora é nossa responsabilidade
desenvolver isso". "Não podemos mais hipotecar o nosso futuro para as
necessidades de curto prazo", alertou. Em relação ao rascunho aprovado
pelos diplomatas no início da semana, o documento adotado em definitivo pelos
líderes, teve apenas mudanças de
formatação, não de conteúdo. Foi mantido, inclusive, o trecho "com total
participação da sociedade civil", que ONGs haviam pedido para ser retirado
porque consideram que foram excluídas do processo de construção do documento. O
documento prevê, entre outras medidas, a criação de um fórum político de alto
nível para o desenvolvimento sustentável dentro das Nações Unidas, além de
reafirmar um dos Princípios do Rio, criado em 1992, sobre as “responsabilidades
comuns, porém diferenciadas”. Este princípio significa que os países ricos
devem investir mais no desenvolvimento sustentável por terem degradado mais o
meio ambiente durante séculos. Outra medida aprovada é o fortalecimento do
Programa das Nações Unidas sobre Meio Ambiente (Pnuma) e o estabelecimento de
um mecanismo jurídico dentro da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do
Mar (Unclos, na sigla em inglês) que estabelece regras para conservação e uso
sustentável dos oceanos. O texto estabelece a erradicação da pobreza como o
maior desafio global do planeta e recomenda que “o Sistema da ONU, em
cooperação com doadores relevantes e organizações internacionais”, facilite a
transferência de tecnologia para os países em desenvolvimento. Esse sistema
atuaria para facilitar o encontro entre países interessados e potenciais
parceiros, ceder ferramentas para a aplicação de políticas de desenvolvimento
sustentável, fornecer bons exemplos de políticas nessas áreas e informar sobre
metodologias para avaliar essas políticas. Por atender restrições de países com visões
muito diferentes, o texto da Rio+20 tem sido criticado por avançar pouco: não
especifica quais são os objetivos de desenvolvimento sustentável que o mundo
deve perseguir, nem quanto deve ser investido para alcançá-los, e muito menos
quem coloca a mão no bolso para financiar ações de sustentabilidade. O que o
documento propõe são planos para que esses objetivos sejam definidos num futuro
próximo (veja abaixo um quadro com o que foi negociado). O texto da Rio+20
recebeu críticas das próprias delegações que participaram da conferência e de
organizações não-governamentais. Os negociadores da União Europeia
classificaram a redação de “pouco ambiciosa” e disseram que faltam “ações
concretas” de implementação das ações voltadas ao desenvolvimento sustentável. Por
sua vez, antes mesmo da ratificação pelos chefes de Estado, integrantes da
sociedade civil assinaram uma carta endereçada aos governantes intitulada “A
Rio+20 que não queremos”, na qual classificam o texto da conferência de
“fraco”. “O documento intitulado 'O futuro que queremos' é fraco e está muito
aquém do espírito e dos avanços conquistados nestes últimos 20 anos, desde a
Rio 92. Está muito aquém, ainda, da importância e da urgência dos temas
abordados, pois simplesmente lançar uma frágil e genérica agenda de futuras
negociações não assegura resultados concretos”, afirma o documento, assinado
por mais de mil ambientalistas e representantes de organizações
não-governamentais. A carta diz ainda que a Rio+20 passará para a história como
uma conferência das Nações Unidas que ofereceu à sociedade mundial um texto
marcado por “graves omissões que comprometem a preservação e a capacidade de
recuperação socioambiental do planeta, bem como a garantia, às atuais e futuras
gerações, de direitos humanos adquiridos.” O documento termina dizendo que a
sociedade civil não ratifica o texto da Rio+20. “Por tudo isso, registramos nossa
profunda decepção com os chefes de Estado, pois foi sob suas ordens e
orientações que trabalharam os negociadores, e esclarecemos que a sociedade
civil não compactua nem subscreve esse documento”, conclui a carta. Por outro lado, a Cúpula dos Povos também emitiu sua declaração final e sintetiza os principais eixos discutidos durante as plenárias e assembléias, assim como expressam as intensas mobilizações ocorridas durante esse período – de 15 a 22 de junho – que apontam as convergências em torno das causas estruturais e das falsas soluções, das soluções dos povos frente às crises, assim como os principais eixos de luta para o próximo período.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário