No mundo corporativo, a estratégia tem até apelido:
maquiagem verde. É quando uma empresa exagera em suas credenciais de protetora
do meio ambiente em campanhas publicitárias. A tentativa de faturar apenas no
gogó, porém, não passa despercebida e transforma a "empresa-garganta"
em alvo dos ambientalistas e ativistas sociais. Esse é um dos muitos erros que
as empresas acabam cometendo quando o assunto é sustentabilidade. Visão
imediatista, carência de dados, falta de transparência com temas espinhosos e
baixo envolvimento dos funcionários também estão entre as falhas mais comuns. A
seguir estão os sete erros mais recorrentes na gestão das políticas
socioambientais das empresas.
1. Visão de curto prazo
Muitas empresas estabelecem metas na área de
sustentabilidade com prazos de três anos para ações que exigiriam de cinco a 20
anos para gerar resultados. Sem o retorno no prazo previsto, os profissionais
envolvidos tendem a ficar desestimulados, o que prejudica o relacionamento da
companhia com as comunidades atendidas. "Se o projeto não dá certo no
curto prazo, a empresa acha que ele não funciona. O problema é que a velocidade
de resposta na área socioambiental é diferente daquela das ações
comerciais", diz Aerton Paiva, diretor da consultoria Gestão Origami, de
São Paulo. O fato é que poucas empresas contemplam ações com foco no longo
prazo. A Votorantim é uma das exceções. Em seu último relatório de
sustentabilidade, publicado em maio, as metas da companhia miram o ano de 2020.
2. Em busca de holofote
A ansiedade em mostrar comprometimento com um mundo mais
sustentável faz com que empresas divulguem ações socioambientais que mal saíram
do papel. Ainda mais grave é quando as companhias, por meio da publicidade,
exageram ou mesmo inventam uma atuação ambientalmente responsável. Diante da
extensão do problema, o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária
(Conar) expediu, em junho de 2011, novas normas éticas para a abordagem da
sustentabilidade. Com a mudança, a propaganda deve atender a critérios de
veracidade, exatidão, pertinência e relevância quando tratar de ações
corporativas sobre meio ambiente e sustentabilidade. A adoção das normas,
porém, é voluntária.
3. Dados capengas
Poucas empresas mantêm um sistema eficiente de coleta e de
mensuração de dados socioambientais. São esses números que irão compor os
indicadores para monitorar a política de sustentabilidade da empresa. O que
costuma ocorrer é uma coleta de dados apenas para a publicação do relatório de
sustentabilidade, sem que sejam integrados de forma permanente à gestão da
companhia. Embora ainda pene para buscar informações de seus negócios fora do
Brasil, a Natura acompanha mensalmente 16 indicadores de sustentabilidade que
são reportados aos executivos da companhia - um exemplo a ser seguido.
4. Pouca transparência
Uma parcela das empresas peca por fazer relatórios de
sustentabilidade com informações genéricas e sem abordar assuntos polêmicos.
Outras companhias não estão preparadas para gerenciar crises de forma
transparente. Um dos casos emblemáticos no Brasil ocorreu com a petroleira
americana Chevron. A empresa demorou 11 dias para divulgar detalhes e medidas
para conter um vazamento de petróleo na bacia de Campos, no Rio de Janeiro, em
novembro de 2011. Os comunicados sobre o acidente eram postados em inglês no
site da empresa e os principais executivos no Brasil não falavam português.
5. Falta de poder
Equipes pequenas ou mesmo formadas por uma única pessoa
tornam a área de sustentabilidade quase um item decorativo. Nesses casos, é
raro que o responsável pelo setor se reporte diretamente ao presidente da
companhia - e, portanto, tenha voz nas decisões. Outro problema recorrente é o
orçamento minguado para tocar projetos. "Muitos presidentes até tentam
inserir a preocupação socioambiental em todos os departamentos da empresa, mas
acabam esquecendo de dar os recursos necessários para a área de
sustentabilidade", diz Flávia Moraes, diretora da FCM Consultoria, de São
Paulo.
6. Falta de envolvimento
Algumas empresas preocupam-se mais em divulgar seus
relatórios de sustentabilidade aos investidores e à mídia do que incorporar
conceitos e diretrizes na rotina dos funcionários. Isso acaba confinando o tema
à alta cúpula da empresa e exclui os empregados da média gerência para baixo.
Treinamentos regulares e incentivos para a formulação de projetos podem colocar
o assunto no dia a dia dos funcionários.
7. Ignorar as partes interessadas
Um projeto socioambiental pode parecer muito bacana, mas não
ouvir a comunidade interessada ou ignorar as opiniões de ONGs que já atuam no
local podem acabar em dor de cabeça. Em áreas¬ remotas, sobretudo nas zonas de
exploração de recursos naturais, o risco é a empresa gastar um caminhão de
dinheiro com ações desconectadas e não ser reconhecida pela população local. A
companhia de mineração Alcoa tinha dificuldade em implementar projetos
socioambientais em Juruti, no oeste do Pará, onde desde 2009 explora bauxita.
Nesse mesmo ano, a Alcoa resolveu chamar o Centro de Estudos em
Sustentabilidade da Fundação Getulio Vargas, o Fundo Brasileiro para a
Biodiversidade e o Instituto de Estudos da Religião para ajudá-la a melhorar
seu relacionamento com a comunidade. Lá, a empresa financiou associações de
produtores rurais e de artesãos, com o objetivo de desenvolver alternativas
econômicas na cidade que vão além da mineração.(com informações Planeta Sustentável)
Nenhum comentário:
Postar um comentário