PESCADORES DE CANOAS SOFREM COM A POLUIÇÃO

O desastre ambiental que culminou na morte de toneladas de peixes no ano passado no Rio dos Sinos ainda traz reflexos. A quantidade de peixes para a pesca tem reduzido consideravelmente, em razão dos resíduos despejados diariamente no rio, proveniente de esgotos domésticos e de resíduos industriais.
A diminuição da quantidade de pescados é uma tendência mundial, e estamos verificando isso em situações bem próximas de nós. Se não mudarmos radicalmente a forma do controle da poluição de nossos recursos hídricos, notícias (esta da ZH) como a que segue só tendem a aumentar.

A cada dia, as 40 famílias de pescadores da Praia do Paquetá, em Canoas, vêem desaparecer sua principal fonte de sustento do rio antes navegado por eles. Desde que as águas do Rio dos Sinos foram berço da maior mortandade de peixes já ocorrida no local, causada no final de 2006 por restos industriais, estaria havendo diminuição das espécies.
Segundo o presidente da Associação de Moradores e Pescadores da Praia do Paquetá, Paulo Denilto, as redes têm voltado vazias, e os pescadores precisam ir cada vez mais longe para buscar o produto.
Na Praia do Paquetá, ninguém se atreve a tentar tirar peixe das águas do Sinos. É o caso de Jaqueline da Silva Freitas, 34 anos. Desde o desastre ambiental, a rede, seu principal instrumento de trabalho, tem ficado guardada em casa ou ido a outros rios da região. Jaqueline tentou trabalhar como doméstica, mas uma série de imprevistos fizeram com que desistisse da nova profissão.
– Eu me criei vendo o meu avô pescando neste rio e agora não posso tirar daqui o sustento da família – lamenta.
É do Sinos que Miro de Oliveira Lopes, 45 anos, também tira o sustento da família desde a infância, como costuma dizer. Na sexta-feira, usou as mesmas iscas que voltaram nas redes retiradas do rio na quinta-feira, sem que nenhum peixe as fisgasse. No final da tarde, conseguiu tirar apenas cinco peixes. Nascido e criado na Praia do Paquetá, Miro não esconde a tristeza ao falar do desaparecimento repentino das espécies:
– Antes da tragédia, eu tirava traíra de cinco quilos. Agora, consigo uns birús de 300 gramas e tenho de me dar por satisfeito. Vejo este rio morrendo e estou de mãos atadas.

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